Mito


Supergospel – Quem é Mito?

Edmilson Pascoal da Mota, filho do bispo Nélson Monteiro da Mota, autor do hino “Segura na Mão de Deus”. Meu irmão mais velho, Ednelson (baixista) é mais velho que eu 1 ano e 8 meses. O que ele conseguiu falar de Edmilson foi “Mito”. Isso foi no dia em que nasci. Não tem nada a ver com mitologia...

Supergospel - Como foi seu início na área de música? E quando você começou a ter afinidades com produção musical?

No meu aniversário de 9 anos, minha irmã Cristiane (ministra de música) nasceu. Pra compensar a “não comemoração”, meu pai me deu um violão e me ensinou os primeiros acordes. Depois de um tempo, passei pra guitarra e baixo, um dos meus instrumentos favoritos. Aos 14 anos comecei a tocar baixo num grupo vocal da igreja que saía muito. Essa foi minha prova de fogo, já que o repertório todo era de músicas americanas, com harmonias dificílimas. Foi minha primeira escola de arranjo. Mais tarde, sentei no piano com um violão na mão e comecei a transportar os acordes. Quanto às inversões, escalas e exercícios, eu importunei alguns pianistas que, vencidos pelo cansaço, me passaram as dicas.

Em relação à produção, a primeira vez que entrei num estúdio foi com o Novo Som. Desde então, não saí mais. Deus me deu a capacidade de ouvir uma música distinguindo cada instrumento. Também tenho um ouvido muito bom (dizem...), quesito importantíssimo pra um produtor. Como nunca estudei arranjo, nem piano clássico, agradeço a Deus pelo meu dom. Ainda assim, escrevo arranjos de metais, linhas de cordas e etc, graças a Deus.

Supergospel - Poderia compartilhar com nossos leitores algumas de suas produções?

Cristina Mel, Marina de Oliveira, Raquel Melo, Jossana Glessa, Ivanilson, Thalita, Sergio Lopes, Kades Singers, Nadia Santolli, Marquinhos Gomes, Danilo Caymmi, Nana Caymmi, Joanna, Adriana, Alex Gonzaga, Primeira Essência, Flávia Lopes etc.

Como músico ou arranjador: Xuxa, Rodrigo Faro, Michael Sullivan, Leonardo Sullivan, Fernanda Brum, Comunidade da Zona Sul, Unção Ágape, Ludmila Ferber, Eyshila, Aline Barros, Grupo Ellas, Carlinhos Félix, Banda Atrium, LC3, Matos Nascimento, Catedral, Semeando, Alvaro Tito, Bispo Marcelo Crivela, Melosweet, Denise Cerqueira, Pamela, MK Remix etc.

Com Tuca Nascimento, que foi um dos primeiros a me chamar pra gravar, e me chama até hoje. Nossa parceria tem mais de 20 anos. Com Tuca eu gravei Shirley Carvalhaes, J. Neto, toda a família Nascimento (Rose, Marcelo, Rute, Noêmia, Mário, Nascimento e Silva, Irmãos Nascimento, Gisele, Wilian, Kelly, Henrique, Rômulo, Michel, Douglas, Wando e Michele, ufa!), Cassiane (gravei “Com muito Louvor” convidado pelo Jairinho), Marco Antônio, Georgete Rocha, Francisco Bezerra etc. Fora os independentes.

Supergospel - Quem você esta produzindo atualmente?

Ligya Bernardes, Ministério Shabach, Grupo Baluarte (pagode), Lilian Vinco, Thiago Pires e Ministério Entre Jovens. Agora em fevereiro, começo o CD solo do Waldenir de Carvalho e mais dois CDs, uma cantora de Belo Horizonte e um cantor do Rio. Mais pra frente, arranjos pra Cristiane Carvalho.

Supergospel – Na sua opinião, quais as principais diferenças entre uma produção secular e uma produção evangélica?

Em termos de tecnologia, arranjo e sonoridade, graças a Deus, não tem diferença nenhuma. O que muda é o propósito. Uma produção cristã tem toda uma preparação espiritual. O foco é levar a mensagem da salvação através da música.

Supergospel – Como você consegue conciliar a agenda do Novo Som, com suas atividades como produtor?

Minhas viagens com o Novo Som são uma válvula de escape pra mim, já que não levo “dever de casa” pro hotel. Se eu não tivesse esse “pitstop”, acho que minha sensibilidade como produtor ficaria comprometida. Eu sempre deixo 15 ou 30 dias a mais embutidos no prazo de entrega, que é justamente o tempo das viagens, tipo, posso levar 45 dias pra aprontar um CD, mas sempre dou 60 e quase sempre entrego antes.

Supergospel - Você ainda tem tempo para participar de encontros instrumentais, também conhecidos como Jam Sessions?

Coincidentemente, o Charles me chamou pra tocar na banda dele, Rattletrap. A banda, além de dar workshops, toca temas próprios, jazz contemporâneo (fusion), samba, etc. Há uns 10 anos que eu não participava de um projeto assim. Senti um pouco o primeiro show, mas no segundo já peguei o timing. O improviso é uma composição feita em tempo real. Já toquei em várias bandas instrumentais, depois fiquei esses 10 anos parado. Tava precisando muito desse retorno, porque me obriga a praticar mais.

Supergospel - Você esta no Novo Som a mais de 20 anos. Como é conviver todo este tempo com os outros membros da banda?

Novo Som funciona como uma família. Há 10 anos que a gente não tem nenhum desentendimento. Uma coisa que eu sempre defendi é a igualdade. Eu, Alex e Geraldo comemos a mesma comida e dormimos no mesmo hotel que os oito que viajam com a gente. Sei que não é assim, por aí, infelizmente. A gente brinca muito. É só alegria, graças a Deus.

Supergospel - Como produtor, como você avalia a evolução das produções dos CDs evangélicos no Brasil e no exterior?

Acho que um fator importante foi a evolução do próprio músico evangélico. Antes, não se podia comparar um músico de igreja com um músico profissional do meio secular. Antes, as igrejas não tinham acesso a equipamentos modernos, super instrumentos importados etc. Agora que o louvor está em alta, os pastores descobriram que investir em músicos e instrumentos é uma grande ferramenta pra igreja, já que a música atrai pessoas de todas as idades. É a isca perfeita pra evangelizar. Hoje, meus amigos me encontram no aeroporto e elogiam nossos músicos. “Pô, Mitão, os crentes tão tocando muito...” é o que mais ouço. Fora os músicos que são chamados pra trabalhos seculares, como é o meu caso. A gente executar bem o instrumento (Salmo 33:3) também é um forma de testemunho. “Sal e Luz”.

Supergospel - Você arriscaria atribuir a alguma gravadora ou cantor o mérito do crescimento da musica gospel no Brasil?

De jeito nenhum. O único motivo desse crescimento é a vontade de Deus.

Supergospel - Qual a sua opinião em relação a abertura que a mídia secular tem dado aos evangélicos?

Depende do foco. A gente sabe que a mídia secular, principalmente a TV aberta, coloca nossa música no ouvido de milhões de pessoas. Se a gente entender que é uma guerra, nossa arma é a música e a munição é a Palavra de Deus, a gente tá pronto pra essa obra. Os eventos gospel geralmente são independentes, sem auxílio de patrocinadores. A mídia secular vai atrair a atenção dos grandes patrocinadores pra nossa música, mas temos que manter o pé no chão.

Supergospel - Qual o seu setup atual em relação a instrumentos e softwares?

Atualmente eu trabalho mais com timbres virtuais (VSTs) nas gravações, mas gosto de, no mínimo dois teclados pra performance ao vivo, pra poder trabalhar com uma grande variedade de timbres, sem muitas trocas durante a música. Isso elimina o famoso “branco” entre uma música e outra.

Quanto aos teclados, tenho cinco, sendo que os mais novos são um Yamaha MM6 (gostei dele, apesar das 5 oitavas) e um Kurzweil SP2X. Os outros já me acompanham há algum tempo e tem vários timbres originais dos CDs. Os “caras” são um Roland XP-80, um Korg N264 e um Ensoniq KT-76 (a intro de “Deixa brilhar a luz” foi feita com as cordas dele). Reparem que é um de cada marca. (rs)

Supergospel - Vamos supor que uma pessoa nunca ouviu música gospel, e deseja que você recomende para ela 6 CDs evangélicos dos mais variados estilos, mas com qualidade. Quais CDs você recomendaria?

Seis CDs de evangelismo desse pessoal: Novo Som, Marcelo Nascimento, João Alexandre, Gláucia Carvalho, Regina Mota, Arautos do Rei

Supergospel – E no âmbito geral? Poderia citar para nossos leitores os 10 melhores CDs da sua vida?

Vou citar 15, em primeira mão pra vcs. Isso é ouro puro!

“Matters of the heart (Commissioned), Jarreau (Al Jarreau), Carnival (Spyro Gyra), Electric Band (Chick Corea), Harlequin (Dave Grusin & Lee Ritenour), Thriller (Michael Jackson), Jungle Fever (Stevie Wonder), Return (The Winans), So Much 2 Say (Take 6), Gloria a Dios (Danny Berrios), Nada Es Igual (Luis Miguel), Mudança de Hábito 2 (Soundtrack), Esqueceram de Mim 2 (Soundtrack), Prisma(César Camargo Mariano e Nelson Ayres), Carpenters (Carpenters).

Supergospel - Quais são os seus projetos, o que você espera no ano de 2012 para o seu ministério?

Tenho 3 projetos instrumentais e uma cantata de Natal pra reativar. Espero conseguir esse ano. Em relação ao Novo Som, temos um CD inédito pra sair no primeiro semestre de 2012, e mais três CDs de sucessos antigos que serão lançados em março.

Supergospel - Para encerrar, poderia deixar um recado para nossos leitores?

Na verdade, nunca dei uma estrevista com tantos detalhes a meu respeito. A questão dos discos que me marcaram e influenciaram, por exemplo, nunca tinha falado sobre isso com ninguém. Até eu me emocionei enquanto lembrava. Vou colocar tudo isso num MP3.

Quanto aos produtores e arranjadores que estão começando, lembrem-se que tudo começa com uma idéia na cabeça de vocês. Mozart teve uma idéia e depois passou pra partitura. Ouçam produtores consagrados, como David Foster e Quincy Jones, por exemplo. Incluam música clássica no “Playlist” de vocês. Tem que ouvir rock, samba, salsa, jazz tradicional e contemporâneo, hinos do Cantor Cristão, hinos da Harpa Cristã, corais etc.

Isso é o que vai abrir a mente de vocês. E antes de fazer um arranjo, peçam inspiração ao Espírito Santo de Deus.

Fonte: Entrevista concedida ao site www.supergospel.com.br em 14/02/2012.

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